Os primeiros automóveis não eram nada mais, nada menos, que carruagens com motor! O seu design era inspirado nas célebres diligências puxadas por cavalos possantes.
Nas duas primeiras décadas do século XX, as carroçarias tiveram alguma evolução, mas continuavam muito inseguras e «descapotáveis». Os veículos nesta época ostentavam jantes com raios de madeira e pneus muito estreitos, bem como candeeiros para iluminação – semelhantes às diligências do século anterior -. A inexistência de malas, ou a sua presença, ainda que atenuada, eram uma constante. Nos primeiros modelos o motor era posto em funcionamento através de uma alavanca na parte inferior da grelha. Anos mais tarde essa operação já era realizada a partir do interior, sendo também inseridos, pela primeira vez na história, uns faróis eléctricos, que seriam colocados em cima dos pára-lamas dianteiros, que por sua vez se prolongavam pelo automóvel. Na traseira, uma luz de pequenas dimensões assinalava apenas a presença do veículo.
Nos anos trinta, as capotas de lona desaparecem dando lugar a tejadilhos totalmente fechados e em chapa e as jantes em ferro tornaram-se mais vulgares, embora, muitas delas ainda raiadas. Ao longo dos primeiros trinta anos do século XX, as rodas sobresselentes eram colocadas na traseira, ou na parte lateral, em cima do enorme guarda-lamas dianteiro. Nos anos quarenta e cinquenta os automóveis tiveram uma evolução fantástica: carroçarias redondas com muitos cromados – principalmente nas grelhas dianteiras -, painéis de instrumentos também cromados, com rádios lacrados e relógios analógicos em alguns modelos. Os enormes volantes em baquelite completavam o estilo irrepreensível da época. As faixas brancas para pneus começaram a surgir, dando uma outra aparência a estes. As traseiras ostentavam grandes “bicos” contornados muitas vezes pelos faróis e por mais cromados… nos EUA era possível ver, nesta altura, carros com esta aparência, extremamente potentes e de grande porte, uma vez que as exigências dos grandes percursos assim o exigiam. A década de cinquenta foi sem dúvida uma época dourada ao nível automobilístico, quer pelo seu design arrebatador, quer pela importância e status que os automóveis já transmitiam. Os interiores “avermelhados” davam o mote…
Os anos sessenta – nomeadamente a segunda metade - são marcados pelo lançamento de muitos modelos com um aspecto mais moderno: as tradicionais faixas brancas nos pneus, já não eram tão tidas em conta, bem como os famosos vincos em formato bicudo nas arestas da carroçaria. Existiam agora também menos cromados, particularmente nas grelhas frontais. Aliás, este elemento começa a desaparecer mais das carroçarias, destacando-se apenas a sua existência nos aros das portas, nos puxadores destas, frisos laterais, algumas grelhas (como foi referido) e pouco mais…! Exemplo disto são o: Peugeot 504, Ford Escort, Datsun 1600, BMW 1602, Jaguar XJ, entre outros, que quando saíram revolucionaram de tal maneira o design, que se mantiveram praticamente iguais durante quase toda a década de setenta. Nesta década - nomeadamente na primeira metade (1972) - surge o primeiro automóvel com pára-choques em plástico, o Renault 5. Teria de se esperar até aos finais desta década para que este componente de design se vulgarizasse. São exemplos, o Fiat 127 II e III, o Citroën Visa, o Saab 900, entre outros. Durante este período, a pele e o veludo vulgarizaram-se nos interiores dos automóveis de excepção. Contudo, eram os estofos em napa que prevaleciam.
Nos anos oitenta os carros possuíam carroçarias e tabliers de desenho praticamente quadrado, que incluíam muito mais informação. Surgem modelos como o Panda e o Uno que revolucionaram o design e que ainda hoje se mantêm nos padrões actuais. Aliás, o pequeno Uno seria mesmo o mais aerodinâmico da sua classe, com um cx de 0,30. Os pequenos «spoilers» de vários modelos como por exemplo o Renault 9 e 11 mostravam todo o esplendor estético da indústria automobilística dos anos oitenta, a década dos utilitários, dos GTI’s e das versões baixas com “ar desportivo”. Começam a existir modelos com os pára-choques e os retrovisores externos na cor da carroçaria, vulgarizam-se as jantes desportivas, nomeadamente em liga leve, os faróis suplementares e outros extras, que tornavam os carros cada vez mais bonitos e bem equipados. Os anos noventa surgem com uma revolução ao nível das carroçarias e do design. Este último evoluiu novamente para a estilo arredondado, sem sacrificar a aerodinâmica, situando-se o cx dos vários modelos nos 0,32. As carroçarias tornaram-se mais reforçadas e seguras, principalmente a partir de 1993/94, fazendo-nos lembrar que os ocupantes são o mais importante de tudo. É que, de facto, este era um assunto menos tido em conta pelos construtores, principalmente desde os crashs petrolíferos da década de setenta, que obrigaram a construir automóveis mais leves e inseguros. Também o uso de jantes de liga leve, a utilização de pinturas metalizadas e os faróis traseiros fumados na zona dos piscas, tornam-se opções bastante vulgares e baratas, bem como os piscas dianteiros brancos, já desde a década de oitenta. Nos dias que correm, os carros tendem a apresentar os faróis dianteiros e respectivos dispositivos de mudança de direcção num só grupo óptico e atrás estes viram as suas lanternas terem uma cor tipo “cristal”. O design combina agora o quadrado com o redondo a daí resultam estéticas realmente surpreendentes e extremamente futuristas.
O futuro avizinha-se assim revolucionário, tal como têm sido as últimas décadas no que diz respeito à evolução do automóvel.
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