segunda-feira, janeiro 04, 2010

Fiat Punto agita segmento B

Coroada com um trajecto de sucesso em muitos e variadíssimos aspectos, a gama Punto continua a agitar o concorrido segmento B. A “bomba” cairia em 1993 e já fez “mossa” na concorrência, até mesmo nos dias de hoje.
De facto, o grande sucesso da Fiat, ao longo do tempo, têm sido realmente os utilitários, sua principal vocação. É que os citadinos da casa de Turim têm marcado cada período, quer pelo volume de vendas, quer pelas soluções de espaço, aerodinâmica e design, quer ainda pela fiabilidade das suas mecânicas, às quais estão aliadas manutenções simples e baratas. Inclusivamente, a imprensa do ramo, nacional e internacional, tem feito abordagens bastante positivas em relação aos carros da marca italiana. De destacar ainda os prémios que os utilitários Fiat têm ganho, não sendo excepção o Punto.
A primeira série surge em 1993, com a missão de substituir o famoso Uno, que seria comercializado, na Europa, até 1995. Depois de quase seis milhões de liras investidas para criar o Punto I, ele acabaria por inovar ao oferecer ainda mais espaço que o Uno e uma carroçaria mais rígida (duas estrelas nos testes de impacto do organismo EuroNCAP), obedecendo assim às novas exigências do mercado em termos de segurança dos ocupantes, que anteriormente não eram tão tidas em conta, neste segmento. A sua estética exterior, nomeadamente a traseira, é marcada por uns grupos ópticos completamente diferentes do convencional, ou seja, estes são montados ao alto. Algumas motorizações seriam sensivelmente as mesmas, como por exemplo, o 1700 diesel, agora designado de TD 70 e, no caso dos carros movidos a gasolina, sobressaem os sistemas de injecção de combustível e o novo Fire de 1242 c.c. de 8 V (Punto 75). A série limitada Punto Team com 1108 c.c. - herdado do Uno 60 SX - e com ligeiras modificações, nomeadamente ao nível dos apoios – oferecia suspensões independentes nas quatro rodas, com duas barras estabilizadoras e caixas de seis velocidades.
As versões “cabrio” apenas foram propostas nesta primeira versão e ofereciam uma boa resistência contra embates e capotamento, uma vez que passaram na difícil legislação americana, na altura.
A primeira versão não terminaria sem que recebesse o novíssimo motor Fire, de 1242 c.c.,16 V e dupla árvore de cames à cabeça, gerando 85 cv, um dos mais poderosos e equilibrados na categoria dos pequenos blocos, proporcionando bons momentos ao volante, fazendo esquecer que estamos perante propulsores de baixa cilindrada. A fiabilidade destas mecânicas, aliadas a sistemas Bosch veio a demonstrar-se, posteriormente, em carros com centenas de milhar de quilómetros percorridos.
O primeiro modelo ganhou ainda o Prémio “Carro do Ano 1995”, comprovando assim a sua aptidão neste campo. Os números relacionados com as vendas são, igualmente, dignos de registo e merecem todo o nosso respeito: 3.700.000 exemplares, só da primeira série.
A segunda actualização deste modelo apareceu no ano em que a Fiat comemorava os seus cem anos de existência, ou seja, em 1999, ostentando o novo símbolo – muito semelhante aos originais - e viria a ser considerado pelos especialistas, em testes de impacto (EuroNCAP), como o utilitário mais seguro de sempre (quatro estrelas), aquando do seu lançamento, nesse ano. Esta geração, que terminaria em 2003, marca assim um dos melhores trabalhos que os italianos já fizeram em termos de carros pequenos. Os materiais são de melhor qualidade e um bom nível de espaço interno, torna-o numa das melhores opções dentro do segmento B. Trata-se assim de um produto bastante equilibrado, com muitos outros argumentos e trunfos na manga: a sua concepção apresenta-se diferente em 80 % relativamente ao primeiro.
Para além das versões de 1242 c.c. e 8 V – que equipariam também outro utilitário da Fiat, a Palio Weekend - entre outras, o motor Fire (1242 16 V) sofre alguns ajustes, de modo a privilegiar o binário, que agora se manifesta mais cedo. A velocidade de ponta ficou ligeiramente afectada, com a perda de cerca de 5 cv. Este propulsor aspirado apresentava, desta forma, uns excelentes 114 Nm de binário, valor pouco ou nada inferior ao 1.4 de 8 V de 75 cv da Peugeot, por exemplo, que apenas possuía 118 Nm, e com notáveis diferenças ao nível do consumo e de resposta em ultrapassagens. O motor italiano tornar-se-ia ainda referência na sua categoria, pois já ostentava acelerador electrónico – sem o tradicional cabo - tecnologia oriunda dos modelos de Fórmula 1, tal como os sistemas de injecção.
Mas o Punto II destacar-se-ia, igualmente, por oferecer um dos maiores habitáculos do segmento, uma excelente mala de 297 litros – que pode ser ampliada - e uma panóplia de dispositivos e equipamento, dos quais se destacam, no HLX 16 V – topo de gama, antes do desportivo HGT - o Follow me (que permite que o utilitário permaneça com os médios ligados durante algum tempo, desligando-se o sistema por ele próprio); controlo e desembaciamento eléctrico dos retrovisores; ar condicionado; jantes de liga leve; sub-woofer de 100 W; direcção assistida eléctrica com a função city (para manobras mais difíceis na cidade. O dispositivo deixa de funcionar automaticamente a partir dos 60 km/h); estofos em veludo; check panel; faróis de nevoeiro, entre outras características.
No capítulo do comportamento cabe referir a extrema rigidez das suspensões do Punto que, para além de lhe conferir um comportamento exemplar, também transmite um certo desconforto aos ocupantes em pisos mais irregulares. Esta situação seria melhorada com a terceira geração, onde a suspensão assumiu um carácter desportivo, apimentada com um algum conforto de marcha. Um belo exemplo em utilitários…
As duas gerações Punto venderam, até ao início de 2003, 5.000.000 de unidades.
O Fiat Punto III (2003 – 2006, 2007 em Itália, continuando em alguns mercados hoje em dia) trouxe poucas novidades em relação ao modelo anterior. A nova frente, apresenta agora uma grelha – que não existia na série II - e grupos ópticos dianteiros de maior formato, sendo de destacar a introdução do símbolo ao centro da tampa da mala traseira e dois reflectores no pára-choques posterior.
As suspensões apresentam-se agora mais ajustadas – tal como já foi referido - assim como os travões, ainda mais eficientes. De registar ainda a introdução de mais equipamento, como o ABS, o ar condicionado, o leitor de CD’s, ou o duplo airbag, que apenas apareciam em versões mais específicas, nomeadamente no Sport ou no topo de gama HLX. Surgem também, nesta versão, os novos motores diesel Multijet. 2003 foi o ano em que este common-rail de 2ª geração seria agraciado pela imprensa internacional, tendo-lhe atribuído um prémio pela sua configuração e economia. Tal com o Fire, o Multijet 1.3 apresenta-se revestido de uma tecnologia ímpar. Este último possui menos de 50 centímetros de comprimento e 65 de altura, acusando um peso total de apenas 130 kg, “vestido” com todos os acessórios que lhe estão inerentes. Os cilindros têm um diâmetro de menos 70 mm, aos quais estão albergados componentes de “tamanho normal”: quatro válvulas, um injector e uma vela. Para além deste facto, por serem ecologicamente sofisticados, dispensam o filtro de partículas, ao contrário de muitos blocos actuais. As suas emissões encontram-se abaixo da norma Euro 4. Uma verdadeira miniatura, carregada de tecnologia…De acordo com informações patentes nos sites: http://www.mecanicaonline.com.br e www.clubemultijet.com : “O sistema Multijet adotado pelo pequeno 1.3 de 16 válvulas nasce de uma evolução do princípio "Common Rail" aplicado nos motores JTD de primeira geração. O novo motor, de fato, utiliza injetores e um sistema de controle mais sofisticados (a centralina eletrônica que os comanda) para efetuar, durante cada ciclo motor, um número maior de injeções em relação às duas atuais. Deste modo a combustão é ainda mais gradual porque se realiza um controle mais preciso das pressões e das temperaturas que acontecem na câmara de explosão e um melhor aproveitamento do ar introduzido nos cilindros.
Até pouco tempo atrás, a última fronteira no campo do óleo diesel era a os propulsores com tecnologia "Common Rail" unijet, que se chamam assim, mas na realidade não fazem uma, mas duas injeções de óleo diesel na câmara de explosão: uma menor, inicial, e uma principal, maior. Hoje, não é mais assim. Os técnicos da Fiat-GM Powertrain desenvolveram os "Common Rail" de segunda geração, que são multijet, isto é, podem efetuar mais injeções.
O princípio funcional dos dois sistemas é o mesmo. No unijet, a injeção inicial levanta a temperatura e a pressão dentro do cilindro, permitindo assim, no momento da explosão principal, uma melhor combustão. Podendo subdividir a própria injeção principal em muitas injeções menores. A quantidade de óleo diesel queimada dentro do cilindro permanece a mesma, mas obtém-se uma combustão ainda mais gradual e completa, alcançando metas mais avançadas no controle do ruído de combustão, na redução das emissões e no incremento do desempenho.
Os motores "Common Rail" multijet, portanto, se diferenciam dos "common rail" unijet essencialmente por dois componentes: os injetores e a centralina eletrônica que os controla. Para poder aumentar o número das injeções, havia necessidade de injetores capazes de reduzir o tempo entre uma injeção e outra, tempo que desce de uma ordem de grandeza: de 1500 a 150 microssegundos. A seguir, era necessário diminuir a quantidade mínima injetada: que passa de cerca de 2 a menos de 1 milímetro cúbico. Era preciso, por fim, ter uma centralina "mais inteligente", capaz de mudar continuamente a lógica de injeção com a variação de três parâmetros: o número das rotações do motor, o torque solicitado naquele momento pelo motorista e a temperatura do líquido de arrefecimento.
Efetivamente, quando o novo motor 1.3 Multijet 16V está funcionando, a centralina adapta continuamente o esquema e o número de injeções (além da quantidade de óleo diesel injetada). Quando a água está a menos de 60° e o torque solicitado é pouco, acontecem duas injeções pequenas e uma grande, muito próximas entre si. Com o crescimento do torque, as injeções tornam-se apenas duas: uma pequena e uma grande. Na condição de alto número de rotações e grande solicitação de torque, a injeção é somente uma. Com a temperatura da água a mais de 60°, as coisas mudam novamente e para reduzir ao mínimo as emissões, o esquema das injeções torna-se uma pequena, uma grande e uma pequena”.
O Punto III estreava assim um dos maiores desenvolvimentos tecnológicos da Fiat, tal com o Uno ostentaria também, noutros tempos, o Fire, sinónimo da alta produção robótica.
O Fiat Grande Punto (IV) surge em Itália em 2005. Todavia, seria lançado em Portugal só a partir de 2006. A nova versão da Fábrica Italiana de Automóveis de Turim revolucionaria e agitaria novamente o segmento dos utilitários, por ser um produto totalmente novo. O seu espaço acrescido, resultante no comprimento total de 4,10 m de comprimento, torna-o num dos veículos mais espaçosos da sua classe, embora se registe um decréscimo na capacidade da mala de 295 para 270 litros (valor semelhante ao antigo Uno, volume que era referência na época). Contudo, os ocupantes saem a ganhar no espaço para as pernas e na qualidade que ressalta no interior. O seu aspecto totalmente novo (da autoria de Giugiaro e de inspiração numa das marcas do grupo, a Maserati, fundada em 1 de Dezembro de 1914, pelos irmãos Maserati), culmina num design extremamente atraente, aliado ao facto de o mesmo ter conseguido a pontuação máxima na protecção de ocupantes, de 5 estrelas. Todos estes factores não passaram ao lado de especialistas do sector automóvel, figuras do mundo do espectáculo e pilotos, que atribuíram ao Grande Punto, como é conhecido, o Prémio “Volante de Ouro”, que comemorou a sua 30ª Edição, no ano de 2005, na Alemanha. O carro italiano levaria a melhor ao VW Fox, Renault Clio (Carro do Ano 2006), Toyota Yaris e ao Peugeot 1007. Na América Latina o utilitário também não deixou o sucesso por mãos alheias, tendo ganho os seguintes galardões:
• Carro do Ano 2008 – Revista Auto Esporte
• Carro Nacional do Ano – Abiauto
• Carro Abiauto do Ano – Abiauto
• Melhor Carro Nacional acima de 1.001 cc – Top Car TV 2007
• Melhor Comercial do Ano Categoria Produto – Top Car TV 2007
• Carro Interamericano 2008 - FIPA (Federación Interamericana de Periodistas del Automóvil)
• Big Idea Chair – Prêmio Yahoo Brasil, pela campanha inovadora de lançamento do Fiat Punto pelo telemóvel, antes dos formatos tradicionais da internet
• Alto del Año – El País (Uruguay)
• Carro Mais Seguro do Mercosul e México – CESVI (Argentina)

As inovações que o caracterizam, mais concretamente o seu motor Multijet 1.3 de 90 cv, convenceram de tal maneira os italianos que, na semana de 17 a 25 de Setembro de 2005, foram feitos 15.000 encomendas resultantes de mais de 100.000 test-drive nos concessionários Fiat. Ao todo foram 1 milhão de italianos que testaram o novo Punto até aquela altura.
Alguns motores foram herdados da(s) geraçõe(s) anteriore(s), não obstante foram introduzidos novos propulsores. Assim, a alma destes carros é composta da seguinte forma: Fire a gasolina: 1.2 8 V 65 cv; 1.4 8 V 77 cv; Multijet a diesel: 1.3, 16 V, 75 cv – com turbo de geometria fixa, ou 90 cv, este último com sobrealimentador de geometria variável; 1.9 16 V 120 ou 130 cv; T-jet com 120 ou 150 cv; e os Abarth, para não falar das versões utilizadas em ralis e outras menos populares entre nós. A gama oferecia caixas de 5 e 6 velocidades e uma panóplia de equipamentos digno de registo, aliás, como já é habitual no mercado automóvel, hoje em dia.
A título exemplificativo se poderá informar que, fruto da antiga parceria entre a Fiat e a americana GM, o Corsa (na sua geração saída em 2006) partilha entre outros componentes, os blocos a diesel Multijet (1248 c.c), a centralina, a direcção assistida eléctrica, a plataforma e as suspensões, com o Grande Punto, com já foi evidenciado. O 1.3 Multijet é também comercializado, embora noutro contexto, em modelos japoneses Suzuki, designados de DDIS. Era o caso do Swift, do SX4, entre outros. Cabe assim ao automobilista escolher, neste período e nos vários circuitos comerciais, o que mais lhe convinha.
Não sem antes terminar, 2009 vê ainda serem comercializados Puntos com um novo “restyling”.
Com mais três centímetros e agora designado por EVO, “deitando por terra” o termo outrora usado: “Grande Punto”, este automóvel fez a sua estreia no Salão de Frankfurt, no final deste ano.
Com uma imagem renovada e novos motores, os italianos “voltam, novamente, à carga” no tão disputado segmento B. No que respeita ao design, as diferenças assentam essencialmente na grelha frontal e no pára-choques traseiro. Ao nível dos interiores (tablier, assentos e instrumentação) destaque para a sua total remodelação.
O equipamento sofre também um notável incremento, onde se destaca o sistema start&stop, o novo navegador portátil 'Blue&Me-TomTom', permitindo gerir através de um ecrã táctil a cores o telemóvel, a navegação e todo o conjunto de informações tão necessárias à condução. São disponibilizados sete airbags, onde está incluído um para os joelhos do motorista, para além de outros dispositivos, como o sistema Hill-holder, para ajuda em subidas, e luzes de nevoeiro que se activam automaticamente quando os faróis de médios estão ligados, com base no ângulo de viragem do automóvel. O ABS e o ESP são outros argumentos a disponibilizar neste modelo, agora renovado. Mecanicamente falando, os “corações” a gasóleo são os mesmos, todavia, o 1.3 Multijet de 90 cv passa a debitar mais 5 cv. Relativamente aos propulsores a gasolina são introduzidos os novos 1.4 “Multiair”, que actuam sobre o comando de admissão de ar no motor. Este dispositivo vai controlar o tempo de abertura e fecho das válvulas, de forma independente, conforme a exigência do pedal do acelerador. Segundo a casa de Turim, com o sistema Multiair, os carros que o receberem ficarão 10% mais económicos e potentes, para além de ostentarem mais 15% de torque (binário). Mais uma vez, a gama Punto recebe nova tecnologia para se manter actualizada e eficiente, perante uma concorrência que vigia constantemente os seus produtos.
Desde da primeira à última geração, o Fiat Punto tornou-se assim referência num mercado cada vez mais exigente. A casa de Turim continuará certamente a inovar no campo dos utilitários, pois este é e sempre foi o seu cavalo de batalha e o seu grande trunfo perante a concorrência. Oferecendo tecnologia de ponta, preços de compra e manutenções simples e acessíveis, design italiano, equipamento q.b., bem como carroçarias espaçosas, onde a ergonomia e a aerodinâmica ressaltam, muitos dos seus produtos ficaram registados na história do automóvel. Os variadíssimos prémios internacionais ganhos, as impressões bastante positivas tecidas por muitos meios de comunicação social ao longo do tempo, e as opiniões de milhares de utilizadores, não contradizem esta postura e herança.
Rui Barata
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